Monday, November 30, 2009

E eu partirei.

E eu partirei.
No caminho o sabor de nós dois
se extinguira, as mãos, iniciadas na arte de submergir
por entre extensas planícies azuis, irão
quedar deflagradas em mil e um pedaços.
A dor intensa,
a lágrima espinhosa,
o rosto que se afasta,
o peito que mingua...sou eu!
E eu partirei,
levando comigo somente os resquícios
dos beijos havidos,
das manhãs todas que a sede transformou-te, assim como se transformaram esses rios de caminhos incertos
e que seguem a eterna busca do infinito mar.
O silencio inquietante,
o vazio profundo,
a voz que de longe
desperta a tua atenção...sou eu!
E eu partirei, mesmo que me falte o corpo, mesmo que não me bastem os passos, pois sei que em algum lugar, em algum momento, lá estarás tu, esperando por mim, e sorrindo dirás: — Já estava cansada de te esperar!
E nesse instante,
um sorriso em pérola,
uma lágrima em flecha,
uma flor apenas,
será bastante para te mostrar a minha felicidade.

O nosso sonho, irmãos

O nosso sonho
cresce fértil nas vísceras da terra
e é nosso o suor que o alimenta.

A nossa (in)consciência

Vejo a madrugada resvalando-se
num abismo de tenebrosa cólera, fértil
o olhar da prostituta sufoca o grito
do recém-nascido, transformando-o num coágulo de sangue que
fenece pelos esgotos ignotos
das ruas da nossa consciência...
Se a nossa consciência
não fosse esta exímia parturiente da maldade,
que sentido faria a benevolência?

Os teus olhos infinitos

Hoje roubei todas as estrelas do céu
e quando pensei em colá-las nos teus olhos
faltava-me ainda o universo todo...

índicos caminhos

Quero me afogar por estes caminhos em que morrem as flores de cada luar.

Quero recriar as raízes de cada noite e entender como morre o sol na boca dos peixes...

Deixa-me entender os segredos que suavemente o vento revela aos pinheiros,

Provar da curiosidade da terra que despe as rosas dos seus vestidos vermelhos, ou mesmo das suas folhas que pairam no ar como verdes aves de esperança.

( Digam-me quem amputou o sexo das rochas, que já não gemem, quando as cálidas mãos da tarde as afagam.)

Quem silenciou o cantar dos búzios,
que embalavam as revoltas ondas do mar?

Friday, November 20, 2009

En tu cuerpo

En tu cuerpo 

habito la media distancia 

entre la locura y la muerte 

o aún, la constante 

busca del infinito, donde 

se revelan las inconfessadas 

recuerdos que la memoria 

nos oculta. 

 

Vuelvo a crear en la desnudez del verso 

la súbita forma de las aves 

en simulado vuelo, trazando 

la breve alianza, del cuerpo y de 

el alma, cuando el lento 

fuego se denuncia en tus ojos. 

 

Reescribo solamente para ti 

el indescriptible despertarse de los crepúsculos 

bajo los ojos, y, divagando por los 

túneles subterráneos de tu cuerpo 

atravieso el infecundo vientre 

de las caricias, donde penden las manos 

deseosas de placer. 

 

Sin embargo 

reside en nosotros, mi amor, 

esta sede por matar 

que embriaga-nos de sequedad 

y, ahoga nuestros labios de distancias. 

 

Mi amor, 

no tarde, que mis ojos se borraron 

no tarde, clave luego tus manos 

dentro de mi pecho, y, cúbrame de brillo 

haga despertar el sol en ti, 

para que no tardemos a amanecer.