Monday, April 10, 2006

O País dos bolsos furados

Havia um País no meio do nada, tão pobre que ninguém o conhecia, passando deste modo para o anonimato. De tão anónimo que o País era, nem constava no leque dos tão afamados dez Países mais pobres do mundo. Nesse País a miséria era tanta, que nem os olhos cabiam no rosto. Falo-vos do Pais dos Bolsos Furados.
O País dos bolsos furados, não era mais um desses Países que se mostram pela televisão, onde somente é desfilada a sua desgraça e crianças desnutridas, para sensibilizarem alguns fundos internacionais. Era sim, um País que não tinha pobres, tinha sim, desgraçados. Era um País que não produzia riquezas, produzia antes, tristezas. Não havia nem mendigos e nem ruas, pois para que haja mendigos tem que haver esmolas e, para que haja ruas é necessário que haja verbas para as construir.
Mas não pensem que não havia salários, havia sim, só não havia assalariados, pois o salário devia ser somente para pagar os impostos e as dívidas com o Estado.
O mais impressionante nesse País, era o facto de não haver nem policia e, nem ladrão, desculpem-me ladrões havia, mas isso é lá para frente. E, quanto aos policias, a muito que deixaram de existir devido a falta de fundos para custear seus gastos.
Durante o desenrolar dessa história, surge um homem que não conseguiu ficar indiferente a todo aquele cenário de opressão e exploração refiro-me a: Revoltácio Fominha.
Revoltácio, despertou toda uma manifestação Nacional. Desencadeou muitas ondas de revolta contra o regime então instaurado e, não demorou para que fosse o homem mais amado pela pátria.
A população conseguiu guiar aquele homem tão digno de si mesmo até a liderança da pátria, foi então, nomeado Presidente da República.
Depois de algum tempo a frente da liderança, descobriu o motivo de tanta desgraça, viu que em vez de costurar-se os bolsos do povo, costurava-se as calças dos políticos e, enquanto o dinheiro caía no bolso do povo, no bolso dos políticos ele ia aumentando, aumentava tanto que os bolsos quase que nem cabia nas calças.
E, o que fez ele...? Maravilhado com tanta luxúria que o dinheiro podia proporcionar-lhe, decidiu costurar as suas calças e mandar confiscar todas as agulhas e linhas de todo o País e, emanaram-se leis novas, nas quais nenhum cidadão devia possuir em sua casa, nem agulhas e, nem linhas. Todos os costureiros passaram ao desemprego e a uma situação total de penúria.
E, mais uma vez a esperança de um povo deixava-se corromper por alguns vinténs.

poema para ti

Não me perguntes por que te amo
pergunta-me antes, por que não te amaria
e eu te responderei:
— Não te amaria, se não houvesse em ti
este sol por despertar, esta sede por matar,
e esta interminável doçura que te habita.

Eu já te amava e te adorava
antes mesmo da invenção da palavra.

Creio que não sabes,
mas tu és esta chama fria
esperando ser encarnada
na alma...És este sentir
que constrói mundos
e move corações...

Não me perguntes por que te amo
pergunta-me sim, o quanto te amo
e eu te responderei:
— Não existe palavra tão intensa
em que caibas completamente, pois tu és
este vazio ainda por preencher, o qual não se
basta nunca...

Sabes,
por vezes um simples olhar teu
desperta um lento fogo em mim
que sem demora enche-me de atrasos
e logo sei o quanto estás distante...
Mas não te preocupes
que em meu olhar
ainda reluzem as tuas pegadas
denunciando-te sob o horizonte...